domingo, 16 de março de 2014

O seu cão sofre de ansiedade de separação?


Por Tatiane Ichitani, adestradora e consultora comportamental da Cão Cidadão.
Ansiedade de separação é um comportamento considerado natural e normal nos cães até certo ponto.
O que acontece quando o cão fica longe de algum membro da família? Late ou uiva sem parar? Destrói todos os objetos da casa? Faz xixi e cocô pela casa inteira? Lambe as patas ou o rabo até se machucar? Dorme o tempo inteiro a ponto de não fazer as necessidades, nem comer ou beber água? Saliva muito? Então, ele pode ter o que chamamos de ansiedade de separação, ou seja, não sabe ficar longe de determinados membros da família.
Ansiedade de separação é um comportamento considerado natural e normal nos cães até certo ponto. Significa que eles sentem uma necessidade para ter alguém do grupo por perto. Sem o grupo, não conseguem sobreviver na natureza, pois precisam do outro para caçar, procriar, alimentar-se, defender-se de outros animais, etc.
Porém, em nossa sociedade, a ansiedade de separação exagerada acaba se tornando um problema de comportamento. Os cães ficam, pelo menos, oito horas por dia longe das pessoas, pois seus donos precisam trabalhar. Dessa forma, os cães acabam tendo comportamentos que, teoricamente, atrairiam os outros membros da matilha, como latidos e uivos, ou destroem tudo pela frente na tentativa de chegar próximo a eles e ainda extravasariam a ansiedade. Geralmente, esses comportamentos são interpretados pelo dono como uma forma de “vingança” por ter ficado sozinho, mas não é nada disso.
Em casos de ansiedade de separação, o cão só apresenta esses problemas quando está longe do dono (mesmo quando este está em casa). Ele é extremamente apegado ao dono (ou a algum membro da família), tornando-se, na maioria dos casos, uma “sombra”.
Mas como isso acontece? Pode acontecer com algumas alterações na rotina: a volta do dono ao trabalho, a chegada de um novo membro na família, após mudança de casa, após visita a um novo ambiente, por exemplo. Além disso, alguns proprietários incentivam o cão a ficar o tempo todo junto, no colo, no sofá, na cama etc. Outros cães pedem carinho o tempo inteiro e o dono acaba cedendo, já que passa pouco tempo juntos e quer compensar. Geralmente, o dono faz a maior festa quando chega em casa e recompensa o cão com carinho no momento em que demonstra mais ansiedade.
Por isso, uma das formas de melhorar a ansiedade de separação é tornar as chegadas em casa bem discretas. O dono deve conseguir ignorar o cão até que este se acalme. As saídas também devem ser discretas: nada de dramatizar! Pode-se treinar também a dessensibilização de certos comportamentos que acontecem quando o dono vai sair de casa: pegar chaves, pegar bolsa, colocar os sapatos, abrir a porta etc. Tudo isso deve ser feito mesmo quando não precisar sair. Assim, o cão fica habituado a esses comportamentos sem demonstrar tanta ansiedade, já que nem sempre a saída acontece.
O cão precisa ser ensinado a ser mais independente. O dono não deve ficar com o cão o tempo inteiro no colo, grudado, recebendo carinho. Pode-se usar o comando “fica” nesses casos, até que o cão não fique seguindo o dono o tempo inteiro, de um cômodo para outro. O treino deve ser gradativo, começando por tempos curtos até que se consiga sair por períodos maiores, posteriormente. O local onde ele vai ficar quando o dono sai também é importante: não se deve deixá-lo na lavanderia sozinho se todas as coisas legais acontecem na sala e no quarto, por exemplo. O cão deve sempre ficar no ambiente em que está mais acostumado e onde tem mais o cheiro do dono.
O enriquecimento ambiental também deve ser usado: distrações como ossinhos, brinquedos com o cheiro do dono, petiscos caninos espalhados pela casa podem ser deixados quando o cão vai ficar um período sozinho.
Para casos graves de ansiedade de separação deve-se pedir ajuda veterinária. O uso de medicamento pode ser eficiente na evolução do tratamento. Porém, sem alteração comportamental, o caso não será resolvido. Além do veterinário, pode-se realizar uma avaliação comportamental para um melhor diagnóstico e tratamento.
(fonte: www.caocidadao.com.br)

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