1. Nome da doença
-
Anisakíase é o termo usado geralmente para nomear a forma da doença aguda de
doença parasítica no trato gastrointestinal dos seres humanos. A doença
manifesta-se usualmente por cólicas abdominais e vômitos, resultante da ingestão
de peixes do mar crus ou mal cozidos contaminados com a larva. A larva em
movimento faz uma cova na parede do estômago produzindo ulceração com náusea,
vômitos e dor epigástrica, algumas vezes, com hematêmese. As larvas podem migrar
para a parte superior atacando a orofaringe e causando tosse. No intestino
delgado, elas causam abscessos eosinofílicos, e os sintomas podem ser similares
a uma apendicite ou enterite regional. Com o tempo, pode haver perfuração da
cavidade peritoneal. Raramente as larvas atingem o intestino grosso.
Na América do Norte, a
anisakíase é diagnosticada mais freqüentemente quando o indivíduo afetado sente
formigamento ou cócegas na garganta e quando os vermes saem com a tosse ou são
extraídos manualmente.
2. Agente etiológico -
nematódios larvais da família Anisakinae, gênero Anisakis e
Pseudoterranova. O Anisakis simplex (vermes do arenque), Pseudoterranova
decipiens (Phocanema, Terranova) (verme do bacalhau ou da foca),
Contracaecum spp., e Hysterothylacium (Thynnascaris) spp. são
anisakideos, nematelmintos (vermes redondos) que têm sido implicados em
infecções humanas causadas pelo consumo frutos do mar crus ou mal cozidos.
3. Ocorrência -
menos de 10
casos de anisakíase são diagnosticados nos EUA anualmente. É muito comum no
Japão devido aos sushis e sashimis, também comum na Holanda, na Escandinávia e
na costa do Pacífico da América Latina. No Brasil não há notificação de casos,
embora há estudos mostrando a existência de peixes contaminados como o dourado,
anchova, pargo e peixe-espada na costa brasileira, especialmente no litoral
nordeste. Também há relatos de bacalhau importado contaminado analisado pelo
Instituto Adolfo Lutz nos anos de 1997 e 1998. Entretanto, suspeita-se que
muitos casos não estejam sendo detectados. A doença é transmitida por peixes e
marisco crus, mal cozidos ou insuficientemente congelados ou mal preparados, e
sua incidência deve aumentar com a popularidade crescente de restaurantes de
sushis e sashimis.
4. Diagnóstico da doença humana
-
nos casos onde o paciente vomita ou tosse o vermes, a doença pode ser
diagnosticada pelo exame morfológico do nematódio (os Ascaris
lumbricoides, a lombriga dos seres humanos, são um parente terrestre dos
anisakinaes e às vezes estas larvas rastejam para cima, chegando na garganta e
nas narinas). Outros casos podem requerer uma endoscopia para se visualizar o
interior do estômago e da primeira parte do intestino delgado. Estes
dispositivos devem ser equipados com um fórceps mecânico que pode ser usado para
remover o parasita. Outras casos são diagnosticados mediante o achado de lesões
granulomatosas com o verme na laparotomia. Há um teste baseado em reação
alérgica específica para a anasakíase, ainda em desenvolvimento.
5. Curso e complicações usuais
da doença -
os casos severos de anisakiases são extremamente dolorosos e
requerem a intervenção cirúrgica. A remoção física do nematódio da lesão é o
único método conhecido para reduzir a dor e eliminar a causa (à exceção de
esperar os vermes morrerem). Os sintomas persistem aparentemente depois que os
anisakis morrem enquanto algumas lesões permanecem próximas ao local onde foi
feita a remoção cirúrgica, contendo somente restos do nematódio. A estenose
(estreitamento e endurecimento) do esfincter pilórico foi relatado em um caso em
que a laparotomia exploratória revelou um Anisakis que não foi removido.
6. Susceptibilidade
-
aparentemente universal, ou seja, os consumidores de peixes e frutos do mar crus
ou mal processados.
7. Reservatório e alimentos
associados -
os frutos do mar são as fontes principais de infecções humanas
com estas larvas de nematódios. Os adultos do A. simplex são encontrados
nos estômagos das baleias e dos golfinhos. Os ovos fertilizados do parasita
fêmea saem do hospedeiro junto com suas fezes. Na água do mar, os ovos
embrionados se desenvolvem em larvas e eclodem na água do mar. Estas larvas são
infectantes aos copépodes (pequenos crustáceos relacionados ao camarão) e a
outros invertebrados pequenos. As larvas crescem no invertebrado e tornam-se
infectantes para o hospedeiro seguinte, um peixe ou invertebrado maior, tal como
uma lula. As larvas podem penetrar através do trato digestivo nos músculos deste
segundo hospedeiro. Alguma evidência existe de que as larvas dos nematódios se
movem das vísceras para a carne dos peixes hospedeiros, se estes não forem
prontamente eviscerados após a captura. Os ciclos de vida de todos os gêneros
restantes de anisakideos implicados em infecções humanas são similares. Estes
parasitas são encontrados freqüentemente na carne do bacalhau, hadoque,
linguado, salmões do pacífico, arenque e outros.
09. História de surtos -
esta doença foi conhecida primeiramente através de casos individuais. O
Japão tem o maior número de casos relatados por causa do grande volume de peixes
crus consumidos neste país. O Jornal de Medicina New England (319:1128-29, 1988)
registra em um artigo 50 casos de anisakíase nos EUA, até 1988. Três casos na
área da baía do San Francisco envolveram o ingestão de sushi ou de peixes pouco
cozidos. Sabe-se que anasakíase pode facilmente ser confundida com a apendicite
aguda com a
doença de Crohn, úlcera gástrica, câncer gastrointestinal.

10. Medidas de controle -
a)
Medidas preventivas - evitar a ingestão de peixes e frutos do mar crus ou
mal cozidos. A temperatura recomendada para a inativação dos parasitas é de 60 º
C por 10 minutos, ou congelamento por - 35 º C. Em temperaturas de -23 º C é
necessário o congelamento por pelo menos 7 dias para matar a larva. A irradiação
é um método efetivo para matar o parasita. Recomenda-se também a evisceração dos
peixes logo em seguida à pesca para evitar a penetração das larvas dos
mesentérios para os músculos; b) Controle dos casos - notificação à
vigilância epidemiológica e investigação epidemiológica e sanitária.
(fonte: www.cve.saude.gov.br)
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