sábado, 7 de maio de 2011

IMPORTÂNCIA DE CONHECER AS CAUSAS DE AGRESSIVIDADE CANINA.

Segundo SOARES e PAIXÃO (2011), no Brasil, a agressividade canina é o segundo problema de comportamento mais frequente relatado nas clínicas e é a principal causa comportamental de abandono ou eutanásia. Vários projetos de lei vêm tramitando, inclusive em escala federal, mantendo a perspectiva de levar à extinção algumas raças no país. Contudo uma pergunta é relevante; segregar uma ou outra raça resolve a questão da agressividade canina como problema de saúde pública? Não há consenso na literatura sobre a associação da raça canina com seu envolvimento em ataques.
Mas mesmo que a agressividade não apresente relação direta com a raça, o poder de contundência dos ataques deve ser considerado. Raças maiores e mais fortes provocam lesão mais graves nas pessoas atacadas e, por isso, estão envolvidas em mais casos fatais, ganhando consequentemente mais repercussão na mídia. Devemos lembrar que a origem do cão doméstico tem o lobo como ancestral mais provável.
Definir agressividade canina é um desafio, pois os mesmos comportamentos podem ser interpretados como agressivos ou não. Por exemplo, um cão que morde a perna do proprietário para chamá-lo para brincar está se comportando de maneira agressiva sem, contudo, ameaçar a integridade física da pessoa. Por outro lado, um cão que rosne para o proprietário que mexe em seu comedouro pode representar uma ameaça de ataque contra a pessoa. A palavra agressão traz como significado à mente humana: maldade, sordidez ou vingança, mas não é o que acontece com os cães. As agressões fazem parte do repertório comportamental desta espécie. No caso do cão os comportamentos agressivos são subdivididos em 3 etapas: ameaça, ataque e apaziguamento. A ameaça é caracterizada por postura intimidadora, rosnados, latidos, exibição dos dentes, eriçamento dos pêlos e manutenção do contato visual. O ataque é a agressão propriamente dita, caracterizada pela mordida ou sua tentativa.  A fase de apaziguamento é caracterizada por comportamento relativamente não agressivo, mas que reforça a postura agressiva do cão pós-ataque.
Os cães podem mostrar agressão nos seguintes contextos:
PREDAÇÃO - o cão ataca com um gestual de caça. É comum acontecer contra pessoas correndo (frequentemente crianças), rodas e pneus, e também com animais de outra espécies (galinhas, etc).
PROTEÇÃO TERRITORIAL - os ataques são direcionados à pessoas que invadam seu espaço territorial. Este espaço pode se extender para além dos limites estabelecidos pelos seres humanos. Neste contexto, o cão pode também reagir agressivamente durante passeios com algum membro humano do seu grupo social, quando individuos (humanos ou caninos) se aproximam, invadindo o perímetro territorial que ele reconhece como seu.
PROTEÇÃO MATERNAL - os ataques são efetuados po fêmeas em período de amamentação, mas também pode ocorrer com cadelas com gestação psicológica.
DISPUTA HIERÁRQUICA - uma das principais características deste tipo de agressão é o fato de, na maioria das vezes, ser direcionado a algum membro da família. É o tipo de agressão mais difícil de ser contextualizado pois, normalmente, envolve situações em que não se encontra justificativas, tendo como base valores humanos, como o cão atacar a pessoa porque foi acordado ou acariciado quando estava deitado.
POR MEDO - um cão acuado se defende desta ameaça de forma agressiva. É um tipo de agressão normalmente perigoso, pois o cão não reprime o ataque, visto que se sente ameaçado. É como se dissesse: "é ele ou eu".
POR DOR - o cão ataca aquele que está causando dor, ou que já tenha lhe causado dor. É um comportamento comum nas clínicas veterinárias, ou com cães que estejam sofrendo ou que já tenham sofrido algum processo doloroso (artrites, miosites, otites ou traumas de maneira geral).
Existem também aquelas causadas por causas clínicas (disfuncões hormonais, raiva, neuropatias).

(fonte: revista CFMV, ano17/2011, n°52, pg.17)

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