Fim de ano, férias, festas… Datas normalmente muito esperadas por aqueles desejosos de descanso após um ano intenso de trabalho. Nesse momento, provavelmente o seu animal de estimação observará a movimentação em casa e partilhará da animação da família. Afinal, ele sente o que é sentido coletivamente. Malas prontas, o bichinho entra no carro. Alguns quarteirões à frente, e um de seus “tutores” o leva para fora. “O que será que vai acontecer?”, pensa ele, animado. O carro parte e o animal fica sozinho. Ele corre e late atrás do carro. “Ei, vocês me esqueceram!”. O veículo continua a andar e os passageiros finalmente poderão curtir suas férias sem qualquer compromisso.
Esse é o triste conto de Natal que se repete todos os anos, com as devidas modificações e peculiaridades de cada caso, mas com algo em comum em todos eles: Depois de abandonado, o animal estará sujeito a maus tratos na rua e poderá se reproduzir sem qualquer controle, auxiliando a aumentar a população de animais de rua, que já é uma superpopulação.
O abandono é um problema mais profundo que a simples displicência de seres humanos em relação aos animais que um dia se comprometeram a proteger. É preciso pensar num fenômeno muito forte em nossa sociedade: A coisificação.
É a coisificação que nos faz dar animais de presente em datas comemorativas, dar pintinhos como “prendas” em pescarias de festa junina, comprar um animal, escolhendo-o não pelo afeto que ele desperta ou por seu temperamento, mas por sua aparência ou pelo status que sua raça oferece; é a coisificação que nos faz esquecer que o animal que deixamos sozinho na rua tem uma história, afetos, apegos e medos tal como nós, além de suas necessidades básicas.
É preciso repensar e desenvolver a empatia como um músculo: Em que momento de nossa história como seres humanos, a possibilidade de comprar e vender coisas nos fez acreditar que poderíamos comprar, vender e descartar vidas como se faz com objetos? Ou que, por exemplo, um carro, que não sente medo, fome ou dor e é objeto de tanto apego para alguns, é mais importante que um ser mamífero como nós, senciente e afetuoso? Longe de querer ofender os colecionadores de quaisquer objetos, gostaríamos apenas que todos nós aproveitássemos esse momento de fim de ano, em que existe um aumento na sensibilidade coletiva, para pensar nossas atitudes em relação à vida. E não só a nossa vida, ou a vida de nossa família e de nossos amigos. Mas a vida de todos os seres que nesse momento, habitam o planeta Terra.
Dados da ONG Arca Brasil apontam que o abandono de animais cresce em média 70% durante o fim do ano.
Os “tutores” geralmente deixam esses animais em terrenos vagos, universidades, na porta de abrigos e até em hotéis para animais. Ao invés do abandono, existem diversas outras possibilidades dentro do viés da posse responsável. São elas:
1) Não dar animais como presentes: É muito comum que se dê animais de presente para crianças, ou que se adote ou compre por impulso por considerá-lo muito bonito, ou pelo momento. Aconselhamos que você pense muito antes de adotar ou comprar um animal. Ter a companhia de um bichinho é maravilhoso, mas os momentos bons trazem consigo responsabilidades.
Muitas vezes a criança para quem se presenteou o animal não se dá bem com ele, ou ainda não possui maturidade o suficiente para cuidar dele sozinha. Nesse caso, é preciso que um adulto da família tome para si a responsabilidade sobre a vida do bicho, ou que esse adulto se comprometa a ensinar a criança a cuidar dele de uma forma responsável, o que será maravilhoso para a educação desse indivíduo.
Se você deseja ter um animal em casa, pense muito e pesquise mais ainda!
Lembre-se que se você decidir em algum momento que não quer ter um animal em casa depois de já tê-lo, quem sofrerá mais será ele.
2) Pedir para que alguém de confiança cuide do animal nos dias em que você estiver ausente: Nessa opção, alguém de confiança se responsabiliza por ir uma ou mais vezes ao dia na sua casa alimentar o animal e dar a ele atenção. Essa é uma boa opção para curtas temporadas fora de casa, ou para um último caso, visto que o animal passará muito tempo sozinho, ainda que alimentado.
Além disso, com o fim de ano, o advento dos fogos de artifício poderá se tornar um grande transtorno. O nosso raciocínio deve envolver o fato de que se a solidão é difícil para nós, seres humanos, que damos a ela significados, imagine a um cão ou um gato, que até onde sabemos não fazem isso.
3) Deixar o animal na casa de alguém de confiança/Pet Nanny: Nesse caso, o animal ficará na casa de um indivíduo escolhido pela família. Trata-se de uma boa opção e nela, deve-se levar em conta questões adaptativas do bichinho, deixando a pessoa que irá cuidar dele ciente de seus hábitos e peculiaridades.
No caso da/do Pet Nanny, o cuidador ou cuidadora será pago para cuidar do animal durante a temporada fora de casa. Atualmente não é tão difícil encontrar o serviço de Pet Nanny, que é bem interessante para quem não deseja incomodar familiares, vizinhos, ou não tem com quem deixar.
4) Deixar o animal num hotelzinho para animais: O número de hoteizinhos em diversas cidades do Brasil cresceu consideravelmente nos últimos anos. É uma boa opção. Em alguns hotéis, os cuidadores chegam a dormir no mesmo espaço que os animais, para garantir que “tudo ficará bem”. Nesse caso é preciso ter boas referências do local e estar com a vacinação em dia, visto que a maioria dos hotéis não aceita (nem deve aceitar) animais com as vacinas atrasadas.
5) Levar o animal na viagem: Essa possibilidade pode ser praticamente excluída no caso de animais idosos, animais com problemas sérios de saúde, que não foram vacinados ainda (filhotes) ou que não estão com a vacinação em dia. Aparte todos esses casos, é possível levar seu animal para viajar desde que o meio de transporte seja escolhido de acordo com o tempo de viagem: Viagens curtas podem ser feitas de carro ou ônibus, de preferência em horários mais frescos, para evitar enjôo, diarréia e inapetência. É preciso verificar, no caso das viagens de ônibus, se a companhia permite o transporte de animais e se sim, quais são as outras condições necessárias para isso, como documentos e atestados.
Viagens longas podem ser feitas de avião. Algumas companhias aéreas permitem que o animal seja levado em caixa de transporte junto ao dono, na cabine, outras permitem apenas que ele seja transportado no compartimento de carga. Assim como no caso das viagens de ônibus, nesse tipo de viagem também é exigida a apresentação de uma série de documentos e atestados.
A partir do momento em que se está disposto a enfrentar as burocracias para isso, aproveitar a viagem junto ao seu animal pode ser uma experiência muito boa. Afinal, ele também é da família e vai se sentir bem compartilhando com você esse momento de diversão e de descanso.
Essas são 5 formas responsáveis de cuidar do seu animal de estimação durante as férias; possibilidades que vão permitir que você aproveite as férias de fim de ano com a consciência limpa!
Abandonar nunca foi e nunca será uma possibilidade. Cuidar de um animal é um compromisso. Lembre-se: É preciso honrar os próprios compromissos antes de pedir isso a sua família, ao seu chefe, ao governo, ou a quem quer que seja.
AS FÉRIAS ESTÃO CHEGANDO, LEMBRE-SE QUE O SEU ANIMAL É SUA RESPONSABILIDADE. PORTANTO, SE NÃO PUDER LEVÁ-LO JUNTO NA VIAGEM, PROVIDENCIE COM ANTECEDÊNCIA UM LUGAR ONDE ELE POSSA FICAR EM SEGURANÇA E SER BEM CUIDADO ATÉ QUE VOCÊ VOLTE. NÃO VÁ DEIXAR PARA A ÚLTIMA HORA!!!
ABANDONO NÃO É OPÇÃO, É CRIME MESMO!
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